27/12/2009

As últimas “boas novas” do evangelho - Antônio de Pádua Tô Mais Diaquino


            Enquanto a população mundial tremia diante do tsunami econômico que se abateu sobre gregos e troianos, a elite sacerdotal se regozijava com os efeitos benéficos da crise mundial. Edir Macedo comprou um avião de 10 milhões de dólares, seu cunhado, o festejado missionário R. R. Soares, dono da Igreja Internacional da Graça de Deus, não ficou muito atrás e adquiriu o seu, por 5 milhões de dólares. É compreensível, Edir comanda o império UNIVERSAL e o Romildo o INTERNACIONAL.
              As demais denominações religiosas prosseguiram colhendo os efeitos dos bons ventos da crise mundial. Afinal de contas, não há melhor tempo para as igrejas do que os tempos de crise. É o momento em que, indefesas, perdidas e desesperadas, as ovelhas atendem à voz de qualquer “pastor” e entregam seus últimos centavos, na ânsia de que estes homens de Deus consigam chamar a atenção do divino criador para sanar seus problemas emocionais, físicos e financeiros.
              Nesse sábado, posterior ao Natal, despertei com o clamor desesperado do Apóstolo Valdemiro e de sua esposa, a bispa Valdiléia. Estavam gravando em algum recanto isolado, a que chamavam de monte – embora fosse uma planície. Diziam-se humilhados, injustiçados e perseguidos porque as autoridades fecharam seu enorme templo central por motivos de segurança. Nada mais justo, correto e democrático.
Pediram apenas que o referido líder religioso efetivasse as reformas necessárias para que seus fiéis devotos não corressem risco de vida. Por que, então, o desespero? Explico: é no templo central onde se recolhe a maior quantidade de ofertas entre todos os templos da Igreja Mundial do Poder de Deus. Daí o desespero do apóstolo e da bispa... É compreensível. Ele também deseja comprar seu avião particular. Para não perder tempo, ele já agendou três sábados de reunião no Estádio da Portuguesa. Apareça por lá, o apóstolo precisa. Se não puder aparecer, há uma conta na Caixa Econômica e outra no Bradesco... Contribua, diminua a humilhação do homem que reza no “monte plano”.
              Fico pensando em como Jesus era inocente em relação ao sistema de arrecadação. Não comprou um simples jegue para entrar em Jerusalém, pegou um emprestado. Não comprou uma casa para si... Imagina se não fossem os seus seguidores modernos, com suas refinadas táticas de captação de dinheiro? O que seria da igreja cristã? O que seria dos pobres homens de Deus da atualidade?
              Com sua tática de evangelização, Jesus não conseguiu sair da Judéia. Os seus seguidores conquistaram o mundo. Fazer o quê?
Amém, irmão?

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