11/08/2009

A casa onde eu nasci

Nasci aqui, nesta casa (meu pai na calçada), no pequeno Pedro Velho, município de Aroeiras/PB.
O lugarejo já não existe, foi encoberto pela represa de Acauã.
Restam lembranças, doces e amargas lembranças, de uma infância muito pobre, vivida entre o roçado, campos de tomate, a escola e as travessuras das brincadeiras de rua. Brinquedo, mesmo, ah, isso era coisa dos privilegiados, os menos pobres. 
"Eu era feliz e não sabia...".

08/08/2009

EU NÃO GOSTO DE POVO - Germano Barbosa

Eu prefiro a pessoa, o “ser humano considerado na sua individualidade física ou psíquica, portador de qualidades que se atribuem exclusivamente à espécie humana, quais sejam, a racionalidade, a consciência de si, a capacidade de agir conforme fins determinados e o discernimento de valores, ao qual se atribuem direitos e obrigações”.

Povo é gado, indigente, desprovido de valores nobres, de vida própria, de alma; é aglomerado, normalmente dependente de líder, tangido ao sabor de conveniências, suas ou de déspotas, junto aos quais deposita todas as suas esperanças, suas últimas reservas de energia, sua sorte.
Povo não se organiza, deixa-se organizar; não constrói, pede, implora, rasteja; é servil e se dá por satisfeito.
Povo acredita demais e questiona de menos; dá demais e recebe de menos.
Povo é sempre base e se contenta em aplaudir e brigar, mesmo entre si, não por causas, mas para manter no topo seu líder, seu deus, seu guru, a quem devota reverência e subordinação. Foi sempre assim; assim será, sempre, em submissão visceral a uma liderança primeva ou a uma chefia qualquer.
Povo não é gente, é massa de modelar; não se apieda, quer piedade; não escolhe, elege; não avança, segue o cordão; não reage, tem raiva e logo volta atrás, pedindo perdão.
Povo vive de afago e morre de inanição.
Gente é diferente...
Gente move, constrói, busca, evolui, cresce, pensa, executa, supera desafios, não se deixa levar, tampouco faz coro com idiotias.
Gente é a coisa mais linda, o tesouro mais precioso, a esperança maior de salvação da raça. 
Povo é palavra desgastada, facilmente pronunciada, ao nefando talante da hipocrisia, política, monástica e social; povo ergue e mantém estruturas arcaicas, carcomidas, e destrói ideais de cidadania e de civilidade; povo ri de si mesmo – povo é bobo e masoquista.
Precisamos é de gente, muita gente... Precisamos, urgentemente, de homens e mulheres, aqui e alhures, dispostos, altivos, menos povo e muito mais gente, gente crítica, perspicaz, para combater a inércia e fazer avançar em conquistas humanas.
O planeta carece da ação de gente, no que concerne à observância às leis naturais da vida e da própria natureza, em consonância com princípios ético-sociais e o imperativo senso de solidariedade, alavanca imprescindível à profusão do ser humano, ora cambaleante, alheio ao seu entorno.
Apostar em gente é promover o cidadão; alimentar o “povo” é manter o homem refém do poder espúrio, odiento, escravizante.
O povo merece apupos – palmas para a gente.