"Ela foi considerada das maiores cantoras da sua época, integrando o elenco do 'rei da noite', Carlos Machado, sendo bastante elogiada pela imprensa, apresentando-se em mais de 10 países da antiga cortina de ferro, como representante da Varig.
Trabalhou com Abelardo Figueiredo, na boate O Beco e nas melhores casas noturnas de São Paulo, até que resolveu parar, em 1972, para cuidar da família. Agora, 42 anos depois, eu a encontrei, pobre e doente, mas completamente lúcida, num lar para idosos, na periferia da capital paulista. Simpática e muito educada, ela ainda sonha em 'dar a volta por cima e voltar a cantar'.
Eu a procurei, incansavelmente,
durante mais de 10 anos. Cheguei a publicar anúncios em jornais. Encontrei
pessoas cruéis, mentirosas e ambiciosas, que me prestaram todo o tipo de
informações falsas, com o único intuito de me explorarem.
Agora, a própria Penha revela
toda a verdade.
Nascida em 22 de dezembro de
1939, em João Pessoa, Paraíba, com o nome de Maria da Penha Soares, desde cedo
seus pais, Antônio e Hercília, lhe deram uma educação religiosa, tendo ela
começado a cantar na igreja aos 10 anos.
Com 18 anos, depois de ganhar
um concurso de calouros, estreou profissionalmente na Radio Tabajara, a melhor
da capital paraibana, e aí começou a sua trajetória de sucesso.
Dois anos depois, em 1959, o
grande maestro Giuseppe Mastroianni a descobriu e levou-a para a Rádio Jornal
do Comércio de Recife. No ano seguinte, ela inaugurou a TV Jornal do Comércio,
onde sua voz, maravilhosa, aliada a sua beleza e elegância, deslumbrava os
espectadores, participando dos famosos programas da época, Você Faz o Show, de seu
grande amigo Fernando Castelão, Noite de Black-Tie e Bossa
2, de Nair Silva.
Durante cinco anos, foi
eleita a melhor cantora de Recife, sendo conhecida como 'a sapoti do nordeste'.
Sua música Amor
de marinheiro foi a mais tocada no carnaval de 1964 e outro grande Êxito
gravado por ela foi Pepe, em 1962.
Penha era convidada para
cantar para as grandes personalidades da época que passavam por Recife, como o
governador de São Paulo Ademar de Barros e o presidente Juscelino Kubitchek, e
cantou ao lado de grandes ídolos, como Cauby Peixoto e Angela Maria.
Em maio de 1965, depois de
brigar com seu namorado, o cantor Nel Blue, se despede de Recife e vai para o Rio,
onde primeiramente estreia na casa de Cauby, a famosa Boite Drink, sendo, em
seguida, contratada com exclusividade para o Le Candelabre e Cave
du Roi, do empresário italiano Fabricio Napolitano, que foi seu
namorado.
A imprensa da época fazia rasgados elogios a sua voz e o 'rei da
noite' Carlos Machado, a contratou como estrela de seu show O teu
cabelo não nega, na Boite Fred’s, frequentada pela alta
sociedade carioca. Lá numa noite, os diretores
da Varig, fascinados por seu charme, beleza e voz, a contrataram para uma longa
tournée pelos antigos países da cortina de ferro, para lançar o novo jato da
empresa o Boing 707. E assim ela
atuou na TV, no teatro e nos cassinos de Frankfurt, Berlim, Zurich, Genebra, Belgrado,
Zagreb, Sofia, Estocolmo, Moscou, Leningrado e Praga, na Polônia e na Iugoslávia.
Foi pedida em casamento pelo príncipe Igor Karanski, pelo conde Guglielmo Donatelli,
pelo barão Marko Sokoloff e pelo marquês Kurt Von Badden, mas não quis ficar
com ninguém.
De volta ao Brasil, inaugurou
o Canecão,
no Rio, em 1968, e veio para São Paulo, onde foi atração das melhores casas da
época, como o Beco, de Abelardo Figueiredo, Jogral, Balacobaco,
La
Fontaine, Variety e outras.
Participou dos programas da TV
Tupy Almoço
com as estrelas e Clube dos artistas de Lolita e Airton
Rodrigues.
Em 1966, havia participado do
Festival
da Canção, na TV Excelcior, com música do maestro e cantor Adilson Godoy.
Em 1970, conheceu o músico João
Rodrigues, casando-se com ele pouco tempo depois, e, em 1972, anuncia a
despedida da carreira artística, na famosa casa noturna A fina flor do samba, ao
saber que estava grávida de três meses, para cuidar da família.
Com o dinheiro que ganhou na Europa,
comprou um apartamento e depois o vendeu, para comprar um espaçoso sobrado em Guarulhos.
Lamentavelmente, seu filho morreu aos 18 anos, de bronquite asmática, e João,
apesar de ser um bom marido e pai, nunca pagou os IPTUs e demais impostos da
casa e perdeu-a, em finais dos anos 90.
Vieram morar em um
apartamento alugado no centro, até que ele decidiu, em 2006, voltar para João Pessoa,
para administrar propriedade da família – Penha não o acompanhou porque sua
filha Luciana estava trabalhando e preferiu ficar.
Foram morar com uma irmã de Penha,
em Sapopemba, bairro da periferia. A tia, desde o começo, desentendeu-se com a
sobrinha, fazendo com que ela fosse embora e Penha perdeu o contato com a filha,
que nunca mais viu.
Pouco tempo depois, uma queda
no banheiro deixou Penha paralítica. O dinheiro da aposentadoria ia quebrando o
galho, até que a irmã, não podendo cuidar mais dela, colocou-a em um lar para
idosos.
Na terça-feira de carnaval,
recebo um telefonema dizendo que era Kelly a sobrinha de Penha, que tinha visto
o anúncio que coloquei no site de meu amigo Ovadia Saadia, há mais de dois
anos, procurando notícias de sua outrora famosa tia. Dizia-me que Penha estava
viva, mas doente, vivendo em um lar para idosos, muito modesto, e usando
cadeira de rodas.
Saí voando para me encontrar
com Kelly, que me levou até lá.
Quando vi Penha, não
acreditei. Chorei de emoção e do choque, por vê-la tão mudada, tão maltratada
pelo tempo, que foi cruel e injusto com ela. Mas ela estava lúcida,
completamente lúcida, simpática, humana e com esperanças de dar a volta por
cima, agora que me tinha encontrado.
Estou cuidando dela, com
carinho, amor, respeito e dedicação.
Algumas pessoas têm me ajudado, como o presidente do Sindicato
dos Músicos, Alexandre Tajes, que colocou carro à minha disposição; César,
diretor da Ordem dos Músicos; o ator André Gaetta; o advogado Paulo Vidigal; o
dentista Dr. Edson; o novo amigo Germano Barbosa, de João Pessoa, que editou e
colocou várias músicas da Penha no Youtube; o escritor Jorge José Barros de Santana,
de Recife, e, acima de todos, Deus, em sua infinita misericórdia e bondade, a Quem
só peço força e saúde para continuar a minha missão de resgatar a autoestima e a
dignidade de uma grande cantora, uma grande estrela do passado, que encantou
com sua voz, toda uma geração de brasileiros, e cujo brilho ainda não se
apagou". Jaime Palhinha
Jaime Palhinha
O jornalista Jaime
Palhinha é considerado um dos mais profundos conhecedores da cultura
brasileira.
Em 1981, aos 29
anos, estreou profissionalmente na imprensa escrita. Morou 13 anos na Europa (Portugal),
escrevendo para o jornal Chaminé do Algarve. Também era
correspondente da revista especializada em Westerns Mocinhos e Bandidos. No
Brasil, escreveu para a revista Cine monstro. Desde 2007, é o principal
articulista da seção Por onde anda, da revista Flash
News, que resgata ícones da cultura brasileira que estão fora da mídia,
e também a coluna Lendas de Hollywood. Jaime escreve, também, para a revista Raça
Brasil, a coluna Ícones.
A especialidade de
Jaime Palhinha é a nostalgia e muitos o consideram o único jornalista do país
especialista no assunto. “O passado nunca esteve tão na moda como hoje” – costuma
dizer, lembrando que “quem renega o passado não merece o futuro, e quem não tem
passado não tem história”.
Jaime Palhinha escreve, atualmente, para o Jornal
Sertanejo, as colunas Talentos Eternos e Perfil.
Só para esclarecer. Trabalho na casa de repouso e tenho contato com ela, pois sou auxiliar de enfermagem. Não vejo ninguém ir lá cuidar dela, nem todo esse apoio que li. Tomara que seja de outra pessoa esta reportagem . Mas já pesquisei e é ela mesmo. Não estavam cuidando dela? Pq está na casa de repouso?
ResponderExcluirDepois da matéria, Daniela, houve um lamentável incidente entre os dois.
ExcluirJaime realmente ajudou, ajudou muito.
Por favor entre em contato comigo conheço alguém que quer ter apenas notícias dela
ExcluirMinha irmã ,Maria da Penha Soares ,meu nome é Morgana Soares ,moro em Joao pessoa ,saudades minha irmã
ExcluirMorgana, entre em contato comigo, pelo e-mail barbosa.germano@gmail.com
ExcluirConheci a Penha no lar para idosos fiquei encantada com a sua voz e muito comovida com a sua história
ResponderExcluirGermano, Penha Maria foi uma das integrantes do Trio Jaçanã, criado nos anos 1950 por Zé Pequeno. Era ela, Zé e Walter Lins. Depois Penha foi embora para Recife. E o Trio Jaçanã contratou Marlene Freire. Isto me foi relatado por Zé Pequeno e Walter Lins no livro Tabajara a Rádio da Paraíba.
ResponderExcluirMarlene Freire é minha avó, está viva, saudável dentro das possibilidades que o Alzheimer permite. Gostaria de ter acesso ao livro, estou procurando encontrar as histórias de sua trajetória, poderia me ajudar? Meu nome é Filipe Ramon Nasiasene Pereira.
ExcluirEla está no lar Amigos da vida em Sete Barras SP
ResponderExcluirOi @adriana vc mora em sete barras ??Moro em registro e falei com ela ontem.
ExcluirNo ano que se comemora o centenário de Jackson do Pandeiro um grande valor da MPB, podia-se também reverenciar também Penha Maria ainda em vida, esquecida por muitos de João Pessoa, sua terra natal.
ResponderExcluirOi @germanobarbosa ela está acolhida em um lar em sete barras. Moro em registro e falei com ela ontem.
ResponderExcluirTrabalhei em uma casa de repouso e a conheci em 2016 não sei se ainda vive lá, ela era muito alegre e vivia cantando , ela gostava muito de mim poruqe eu cantava e conversava com ela ....sahdades
ResponderExcluirDesculpe os erros de digitação (teclado doido)rs
ResponderExcluirComo posso ajudar, Filipe?
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