04/02/2023

A Terapia Cognitivo-Comportamental e as crenças nucleares


A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é uma psicoterapia empiricamente validada no tratamento de diversos transtornos mentais e foi desenvolvida por Aaron Beck, na década de 1960, como alternativa no tratamento de pessoas com depressão que não se beneficiavam do modelo psicanalítico. A TCC é baseada no modelo cognitivo, ou seja, a maneira como o indivíduo perceba a situação é mais importante que a situação em si. Assim, o objetivo do tratamento é ajudar o paciente a mudar padrões de pensamentos e de comportamentos disfuncionais. Promovendo essa mudança, o paciente pode experienciar melhora no seu estado de humor e de funcionamento.
Na Terapia Cognitivo-Comportamental se utilizam, inicialmente, combinações de técnicas cognitivas ecomportamentais, além de integrações de técnicas derivadas de outros modelos terapêuticos, como a Gestalt Terapia, a Terapia Focada na Compaixão, o Mindfulness, a Resolução de Problemas, a Picodinâmica, a Entrevista Motivacional e a Psicologia Positiva. As intervenções que o psicoterapeuta irá fazer são orientadas para situações do cotidiano do paciente.
A relação terapêutica que é pregada na TCC envolve o “empirismo colaborativo”, que vem a ser a postura colaborativa do paciente e do terapeuta na busca de alternativas e soluções para as demandas trazidas à sessão. Esse conceito implica na postura ativa dos integrantes do processo terapêutico (paciente/terapeuta).
A TCC tem um cunho educativo, por meio da psicoeducaçào, que o terapeuta utiliza para educar o paciente sobre seu funcionamento, suas possíveis patologias, o seu tratamento, suas crenças e seus pensamentos automáticos. Isso infere numa cooperação da dupla e numa posição ativa do sujeito com seu tratamento. Quando “psicoeducado”, o paciente consegue monitorar e identificar pensamentos automáticos e distorções cognitivas. A TCC pode proporcionar redução de sintomatologia para pacientes em algumas semanas de tratamento, sem enquadramento único para a duração do tratamento, porque essa questão depende do engajamento do paciente, da psicopatologia, dos objetivos terapêuticos e do uso ou não de medicação. A TCC é sensível à duração do tratamento, sendo considerada uma psicoterapia breve. O objetivo do terapeuta da TCC sempre será a melhora do paciente, respeitando o processo, e o tempo individual do sujeito em relação a suas demandas. O objetivo final da TCC é a formação de uma autonomia duradora do paciente em relação a suas cognições e comportamentos.
O que são as crenças e como elas se formam?
As Crenças Nucleares, ou Centrais, são os entendimentos mais básicos das pessoas sobre elas mesmas, sobre o mundo, outras pessoas e o futuro.
Quando as pessoas apresentam condições psicológicas significativas, suas crenças tendem a ser disfuncionais, negativas, rígidas e generalizantes. Essas crenças são formadas durante o nosso desenvolvimento. Elas se formam baseadas no modo que nossos pais e familiares levam a vida, na nossa educação em casa e na escola, e no nosso convívio com outras pessoas, como amigos e desconhecidos. As experiências que vivemos ou deixamos de viver, como traumas durante nosso desenvolvimento, ajudam, também, na formação de nossas crenças centrais, ou nucleares.
São justamente essas crenças que atuam, que geram, nossos pensamentos sobre uma determinada situação. E por conta disso, podemos ter pessoas reagindo de maneiras completamente diferentes diante de uma mesma situação. Apesar que algumas pessoas possam ter crenças parecidas sobre algo, por conta de que cada um tem uma história e desenvolvimento únicos, nenhuma pessoa terá todas as crenças iguais. As crenças podem causar grande sofrimento para as pessoas, e elas lidam com isso desenvolvendo suposições, regras para viver para justificar as suas crenças. E então, desenvolvem estratégias compensatórias (comportamentos) para diminuir o encontro com essas crenças. Se um cliente tem uma crença por exemplo de ser um fracasso, ele pode desenvolver suposições de “Se eu falhar nas minhas tarefas, isso prova que sou fracassado” e assim desenvolver comportamentos perfeccionistas para como “tenho de fazer tudo perfeito, assim ninguém saberá que eu sou um fracassado”.
As crenças podem ser divididas em 3 categorias ou esquemas: Desamparo, Desamor e Desvalor
Quando as pessoas têm crenças de desamparo, elas podem pensar que são incapazes de conseguir fazer as coisas, incapazes de protegerem a si mesmas (emocionalmente ou fisicamente) ou incapazes comparadas a outras pessoas. “Sou incapaz” “Não tenho jeito” “Não faço nada direito” “Sou vulnerável” “sou indefeso” “sou fraco” “não tenho controle” “sou um fracasso” “não sou bom como os outros”
Na crença de desamor, elas acreditam que há algo nelas que dificulta a habilidade delas de receber amor e intimidade que elas querem das outras pessoas. “Não me encaixo” “Sou desinteressante” “Não sou amável”
Na crença de desvalor, elas acreditam que são moralmente ruins, que há algo dentro delas que é simplesmente terrível. “Sou mal” “Eu não presto” “Sou ruim” “Sou tóxico” “Sou um perigo para os outros”
As crenças também podem ser sobre as outras pessoas, o mundo de maneira em geral e o futuro. “As mulheres são todas ruins” “o mundo é um lugar muito perigoso e incerto” “O futuro será muito ruim”.
Como em uma mesma situação, pessoas podem responder de maneiras completamente diferentes:

Baseado no exemplo acima:
A primeira pessoa tem um comportamento de ligar para outras pessoas para saber se aconteceu algo com o amigo que cancelou e provavelmente teve os sintomas fisiológicos da ansiedade como taquicardia e sudorese. A crença dessa pessoa sobre o mundo é de que o mundo é incerto e perigoso e que sempre que as pessoas desmarcam compromissos em cima da hora é por que algo sério aconteceu.
A segunda pessoa pode depois de sentir raiva ficar sem falar com o amigo e afetar a amizade dela. Ela considera que pessoas que fazem isso são sem educação e que é um desrespeito pois “isso não se faz”.
A terceira pessoa estava cansada, mas por ter combinado o jantar, não quis desmarcar. Não considerou nada ruim sobre a situação, remarcou com o amigo para outro dia e se sentiu aliviada por poder então descansar.
A quarta pessoa tem uma crença de que ela não é muito amável e que os outros não gostam dela. Assim, quando desmarcam algo, ela “comprova” isso pois “quando as pessoas desmarcam compromissos é porque não gostam das pessoas que marcaram”, fica então triste e chora.
Como vimos, a Terapia Cgnitivo-Comportamental é uma intervenção psicossocial que visa a melhorar a saúde mental. Originalmente, A TCC foi projetada para tratar a depressão, mas seu uso foi expandido para incluir o tratamento de várias outras condições de saúde mental. Ela foi criada em meados da década de 1950, pelo Dr. Aaron Beck, eminente psicanalista, professor de psiquiatria da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia, nos EUA. O modelo é baseado na combinação dos princípios básicos da psicologia comportamental e cognitiva. É diferente das abordagens históricas da psicoterapia, como a abordagem psicanalítica, por exemplo. A terapia cognitivo-comportamental é uma forma de terapia focada no problema e orientada para a ação.

Fontes: https://www.falcoericci.com.br/ https://www.wainerpsicologia.com.br/site/

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