08/08/2009

EU NÃO GOSTO DE POVO - Germano Barbosa

Eu prefiro a pessoa, o “ser humano considerado na sua individualidade física ou psíquica, portador de qualidades que se atribuem exclusivamente à espécie humana, quais sejam, a racionalidade, a consciência de si, a capacidade de agir conforme fins determinados e o discernimento de valores, ao qual se atribuem direitos e obrigações”.

Povo é gado, indigente, desprovido de valores nobres, de vida própria, de alma; é aglomerado, normalmente dependente de líder, tangido ao sabor de conveniências, suas ou de déspotas, junto aos quais deposita todas as suas esperanças, suas últimas reservas de energia, sua sorte.
Povo não se organiza, deixa-se organizar; não constrói, pede, implora, rasteja; é servil e se dá por satisfeito.
Povo acredita demais e questiona de menos; dá demais e recebe de menos.
Povo é sempre base e se contenta em aplaudir e brigar, mesmo entre si, não por causas, mas para manter no topo seu líder, seu deus, seu guru, a quem devota reverência e subordinação. Foi sempre assim; assim será, sempre, em submissão visceral a uma liderança primeva ou a uma chefia qualquer.
Povo não é gente, é massa de modelar; não se apieda, quer piedade; não escolhe, elege; não avança, segue o cordão; não reage, tem raiva e logo volta atrás, pedindo perdão.
Povo vive de afago e morre de inanição.
Gente é diferente...
Gente move, constrói, busca, evolui, cresce, pensa, executa, supera desafios, não se deixa levar, tampouco faz coro com idiotias.
Gente é a coisa mais linda, o tesouro mais precioso, a esperança maior de salvação da raça. 
Povo é palavra desgastada, facilmente pronunciada, ao nefando talante da hipocrisia, política, monástica e social; povo ergue e mantém estruturas arcaicas, carcomidas, e destrói ideais de cidadania e de civilidade; povo ri de si mesmo – povo é bobo e masoquista.
Precisamos é de gente, muita gente... Precisamos, urgentemente, de homens e mulheres, aqui e alhures, dispostos, altivos, menos povo e muito mais gente, gente crítica, perspicaz, para combater a inércia e fazer avançar em conquistas humanas.
O planeta carece da ação de gente, no que concerne à observância às leis naturais da vida e da própria natureza, em consonância com princípios ético-sociais e o imperativo senso de solidariedade, alavanca imprescindível à profusão do ser humano, ora cambaleante, alheio ao seu entorno.
Apostar em gente é promover o cidadão; alimentar o “povo” é manter o homem refém do poder espúrio, odiento, escravizante.
O povo merece apupos – palmas para a gente.

11 comentários:

  1. Vc escolheu uma vertente,um lado para refletir o conceito de povo, que na perspectiva escolhida ,tem uma lógica,um sentido correto.Penso porém,que ela não é a única nem o bastante.A história nos revela outras atitudes de "povo" com múltiplos exemplos.Tem povo assim,mas tb tem povo de outro perfil.Tem povo massificado,mas tb tem povo que liberta.Tem povo dominado ,mas tb tem povo que libertou.A história universal da humanidade é rica em fatos de dominação e de libertação.Portanto,compactuo com sua opinião e sua sábia reflexão dentro da cenário descrito.Mas vislumbro" muitos" "povo",não povos,povo mesmo que assumiu a vanguarda de sua história,de sua realidade.Se todo povo fosse como o" seu povo", não teríamos nem blog para conversas como essa.Fora esses pontos de diferenças de opinião que temos, o seu texto uma excelente leitura e aula de cidadania e política.bjs.Socorro Araújo.

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  2. Bom, geralmente eu me cruzo contigo lá no videokê do Napoleão, na Lagoa, ontem foi um dos dias, estava na companhia de Juvenal ( com quem trabalho no Heitel Santiago - Santa Rita ) e com Daniel um estimado amigo, ambos muito cultos, não tão diferente de voce. Bom, fique sabendo que voce fará uma cirurgia de redução de estomago, sei que é para o seu bem, e, desde já rezo pela sua recuperação, pois quero ainda escutar por várias vezes aqule belo vozerão cantando Carinhos, aquela que voce cantou ontem na sua despidida. Não sou seu amigo, mas o tenho como sendo um dos mais especiais. Um abração meu amigo e que Deus lhe proteja. ( Carlos Alberto )

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  3. Esse texto nunca ficará ultrapassado. Ao contrário está mais atualizado e evidente nessa nova era. Uma reflexão muito profunda de um povo que insiste em não querer enxergar uma consciência de gente. Parabéns. Carimbado e rotulado.

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  4. Esse texto nunca ficará ultrapassado. Ao contrário está mais atualizado e evidente nessa nova era. Uma reflexão muito profunda de um povo que insiste em não querer enxergar uma consciência de gente. Parabéns. Carimbado e rotulado.

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  5. Esse texto nunca ficará ultrapassado. Ao contrário está mais atualizado e evidente nessa nova era. Uma reflexão muito profunda de um povo que insiste em não querer enxergar uma consciência de gente. Parabéns. Carimbado e rotulado.

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  6. Excelente texto meu caro Germano Barbosa. Com algumas ressalvas, parabéns pelo artigo.

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  7. Exelente texto!lembrei de A Massa,música do Jorge Portugal e Raimundo Sodré." Moinhos de Homens que nem gerimuns amassados,mansos meninos domados,massa de medos iguais" forte abraço.

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